Esta semana fui fazer a Horizonte de Quéops (em Lisboa, para maiores de 12 anos), uma experiência de realidade virtual sobre as pirâmides do Egito, em Lisboa. Recomendo vivamente. 🤩
O nível de realismo é tal que, em vários momentos, parece não haver literalmente chão por baixo dos pés. O corpo reage de imediato. Tensão, hesitação. Várias vezes tive de repetir mentalmente: estou numa sala, há chão, isto é uma simulação.
E mesmo assim, o corpo não acreditava totalmente.
Saí de lá impressionada, não só pela tecnologia, mas por algo mais simples e mais inquietante: a facilidade com que a realidade pode ser distorcida quando os sentidos são convencidos de uma narrativa plausível.
Enquanto caminhava naquela “realidade”, lembrei-me da metáfora que uso tantas vezes quando ensino mindfulness.
A mente funciona de forma muito semelhante a um sistema de realidade virtual. Cria um cenário interno, interpreta sinais, projeta significados e, a partir daí, define como experienciamos o mundo e como nos relacionamos com os outros.
O problema não é a mente fazer isto. É extraordinariamente eficiente. É útil.
O problema é esquecermo-nos de que aquilo que estamos a viver não é a realidade em si, mas uma simulação construída ao longo de anos de educação, experiências passadas e também de manipulação, interna e externa.
Pensamentos automáticos, histórias antigas, medos herdados, expectativas não questionadas. Tudo isto corre em segundo plano, como um programa invisível, e passa a ser o “chão” sobre o qual caminhamos.
A prática de mindfulness é, para mim, um treino simples e profundo: lembrar que há chão por baixo.
Parar por instantes. Observar. Reconhecer que aquilo que estou a pensar e a sentir não é um facto absoluto, mas o resultado de um programa mental a correr. E que posso não acreditar automaticamente em tudo o que a mente me mostra.
Tal como na realidade virtual, não se trata de desligar o sistema. Trata-se de ganhar consciência de que é uma simulação. E, a partir daí, escolher como quero responder.
Num mundo cada vez mais imersivo, acelerado e manipulável, esta capacidade não é um luxo. É uma competência essencial.
PS: deixo aqui o link para lista de espera de um programa que vou lançar em 2026 para desenvolver esta competência.
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